sábado, 11 de abril de 2009

Memorias de um Gibiota parte 1

A primeira encarnação da revista americana Wizard no Brasil em meados dos anos 90 era o oasis da cultura pop no meio editorial.  Tinhamos a Set e a Bizz, mas seus espaços para quadrinhos eram raros ou inexistentes. A Editora Globo topou essa empreitada e era muito bem sucedida, ainda que tenha tido uma vida curta(durou apenas 16 edições).
Ao longo dessas edições tinhamos colunistas excelente(até Mauricio de Souza tinha sua pagina mensal), mas de todos, a melhor coluna sem duvida era a do Jotapê. 
Figurinha facil das editoras de quadrinhos desde os anos 80, o Jota expressava suas opiniões com bom humor e alfinetava a industria( uma de suas colunas mais famosas foi a "Corta!" que explicava como a tesoura cantava e diminuia boa parte das historias para caber no enxuto limite de 84 paginas). 
Mas o texto do Jota que mais me agradou foi Memorias de um Gibiota(dividido em duas partes), que contava como ele tinha adquirido o vicio das hqs quando era criança. Foi realmente uma perola e fiquei com vontade de escrever as minhas proprias memorias gibionicas:
 Minha mãe sempre primou por minha educação, e me ensinou a ler muito cedo. Aos três anos ja lia! De tudo! Jornais, revistas, livros... boa parte vinha de meu tio que morava conosco, isso em 82. Mas meu grande momento da leitura foi quando me deparei com os gibis. 
Achei do nada, no meio de um fardo de revistas, uma edição do Fantasma, da RGE. Foi paixão a primeira vista. Eu ja gostava de herois, principalmente dos desenhos "desanimados" da Marvel que ainda passavam na tv. Não bastando isso, ainda tinhamos a ressaca(no bom sentido) de Superman no cinema, os telefilmes vergonhosos do Capitão América, o seriado capenga do Homem-Aranha e o "novo" desenho do proprio cabeça de teia com seus "incriveis amigos". Alguma coisa de merchandising(lembrem se: era inicio dos anos 80, essas coisas engatinhavam por aqui) como camisetas, fantasias, bonecos... tudo isso ajudou a me viciar no mundo magico dos superherois.
Meu pai percebeu minha paixão pelas hqs, e como tinha uma banca de revistas usadas no caminho pro trabalho, todo sabado ele me trazia 5 gibis. Esperava avidamente a semana toda pra chegar sabadão: papai chegava mais cedo do trabalho, mamãe fazia um bolo, western spaghetti ou filme de gladiadores no SBT(que na epoca era TVS) e é claro, minha cota semanal de quadrinhos. 
Como eram usados, li muita coisa que era editada nos anos 70, especialmente Fantasma, Madrake, Punhos de Aço(Punho de Ferro), Hulk, Herois da TV, Capitão America e o meu favorito: O Homem Aranha.
Eu adorava todos os personagens, mas o Aranha sempre teve lugar cativo. Tive a sorte de ler a nata das hqs, em sua maioria escrita por Stan Lee. E meu apreço pelos personagens foi carimbado quando ganhei um porsche de plastico, no qual Capitão America e Homem Aranha estavam de passageiros.
Continuei minha empreitada, sempre em busca de mais e mais quadrinhos. E todo sabado chegavam novas historias e personagens(Thor, Quatro Fantasticos, Homem de Ferro, Principe Submarino). Estranhamente, nada da DC chegava as minhas mãos por alguma razão. Só fui ter contato com Superman e Batman nos quadrinhos anos depois, só os via no desenho do Superamigos, que convenhamos era bem bobo, até pra uma criança de 5 anos como eu.
Conforme fui crescendo, fui separando o joio do trigo. Sorry Mandrake, Luke Cage, e Inumanos... bem vindos Vingadores, Nova, Kazar!
Tive nesse meio, minhas fases Turma da Mônica, Disney... mas super herois sempre foram os prediletos da casa.

Continua...

Sasquash Cavalera é leitor desde pequeno, colecionador desde jovem e smarty desde sempre.;

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